Era um tímido, acanhado,
um mimado, infantil e carente,
esperando movimento do trem à frente,
eu cheguei em tua vida atrasado.
Tropeçando em verbos terminados sem ar,
(amar, calar, revelar, ocultar)
perdia o sujeito, não via o predicado.
Sozinho eu sofria adiantado:
antes, durante e depois de te encontrar.
Pensava eu como pensa todo amante:
nenhum obstáculo conseguiria pagar,
o preço de ser réu confesso perante,
os juízes castanhos do teu olhar.
Éramos objetos nos achados e perdidos,
e nos encontramos depois de esquecidos.
Qual metrô pegar? Qual estação descer?
Esquecia meu nome, mas o teu não podia esquecer.
A cidade, antes estranha, acinzentada,
rua adentro, você pisava, ela sorria;
e quando andava julgando-se só na calçada,
o meu passo acompanhava o dela, que te seguia.
Na linha mais azul da minha vida
foi escrito o teu nome numa estação
raro momento esse de sonho e alegria
sem pensar sequer na futura baldeação.
te perdi na multidão.
E com a tua maestral candura
ensinou-me a mais linda lição:
Não há no mundo relação segura,
existe o risco de contrair paixão.
p.s. para o príncipe que jaz no meu passado.
Poema Luz, Roberto Rodríguez, Junho de 2010.
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