domingo, 18 de maio de 2008

Fadas e duendes

Era um mundo sempre em mudança, sempre diferente conforme entrássemos pelo canto do muro velho, pela horta vizinha, ou pelo campo de jogos. Uma floresta imensa, digo-vos. Tinha para cima de cinqüenta pinheiros e dois ou três eucaliptos antigos, para não falar das duas famílias de duendes que a habitavam há várias gerações. Só fadas é que nunca conseguimos ver, por mais que fechássemos bem os olhos e fizéssemos força com o coração.

Tempo – tanto tempo…- depois passei por lá. Onde antes havia verde está agora o grupo columbófilo, casas, e mais acima uma escola. Cortaram as árvores, dizem-me. Eu cá não acredito. Não é fácil acabar com uma imensa floresta, é demasiadamente sábia. Nem arrasar com as casas dos duendes, desses nem vale a pena falar. Por mim acho que a floresta largou amarras e anda aí a navegar pelo céu à procura do país das florestas, manobrada pelas famílias de duendes.

E mais.
Vi a fada, e nem foi preciso fazer força com o coração nem fechar os olhos. Numa enorme parede, bem no centro da escola, lá estava ela, tal como a imaginava. Varinha mágica entre as mãos transparentes, o vestido de todas as cores, o sorriso mágico debaixo do véu, o rastro de estrelas. Olhava para o céu, tenho a certeza que sabia por onde andava a floresta, só passou por ali para deixar aos meninos pão com marmelada, figos e chocolate.


joão

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