quarta-feira, 28 de maio de 2008

Oceano




Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o vôo do pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,

Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,

E interroguei, cismando, esse lamento

Que saía das coisas, vagamente…

Que inquieto desejo vos tortura,

Seres elementares, força obscura?

Em volta de que idéia gravitais?

Mas na imensa extensão, onde se esconde

O Inconsciente imortal, só me responde

Um bramido, um queixume, e nada mais…


Antero de Quental

Nenhum comentário: